Aposto Paulo,
aos Romanos, 14:14 “Eu sei, e estou
certo no Senhor Jesus, que nada é de si mesmo imundo a não ser para aquele que
assim o considera; para esse é imundo.”
“Desde 1973, a homossexualidade deixou
de ser classificada como tal pela Associação Americana de Psiquiatria. Em 1975
a Associação Americana de Psicologia adotou o mesmo procedimento, deixando de
considerar a homossexualidade como doença. No Brasil, em 1985, o Conselho
Federal de Psicologia deixa de considerar a homossexualidade como um desvio
sexual e, em 1999, estabelece regras para a atuação dos psicólogos em relação à
questões de orientação sexual, declarando que "a homossexualidade não
constitui doença, nem distúrbio e nem perversão" e que os psicólogos não
colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura da
homossexualidade. No dia 17 de Maio de 1990 a Assembléia-geral da Organização
Mundial de Saúde retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais, a
Classificação internacional de doenças. Por fim, em 1991, a Anistia
Internacional passa a considerar a discriminação contra homossexuais uma
violação aos direitos humanos” –
Wikypedia.
A Homossexualidade, segundo a
ciência, é uma orientação afetivo-sexual normal. Sob o ponto de vista espírita,
há excelentes textos que devemos conhecer e estudar para melhor compreensão do
tema.
Iniciemos com Kardec com o Livro
dos Espíritos, questão 200, 201 e 202:
200.
Têm sexos os Espíritos
R.“Não
como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor
e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.”
201.
Em nossa existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o
de uma mulher e vice-versa?
R.“Decerto; são os mesmos os Espíritos que animam os homens
e as mulheres.”
202. Quando errante,
que prefere o Espírito: encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher?
R:
Isso pouco lhe importa. O que o guia na escolha são as provas por que haja de
passar.
Os
Espíritos encarnam como homens ou como mulheres, porque não têm sexo. Visto que
lhes cumpre progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhes proporciona
provações e deveres especiais e, com isso, ensejo de ganharem experiência. Aquele
que só como homem encarnasse só saberia o que sabem os homens.
E na Revista Espírita de 1866, pp.
3-4, quando analisa o assunto no título “As mulheres têm uma alma?’’ afirma
Kardec: O Espírito encarnado sofrendo a influência do organismo, seu caráter se
modifica segundo as circunstâncias e se dobra às necessidades e aos cuidados
que lhe impõem esse mesmo organismo. Essa influência não se apaga imediatamente
depois da destruição do envoltório material, do mesmo modo que não se perdem
instantaneamente os gostos e os hábitos terrestres; depois, pode ocorrer que o
Espírito percorra uma série de existências num mesmo sexo, o que faz que,
durante muito tempo, ele possa conservar, no estado de Espírito, o caráter de
homem ou de mulher do qual a marca permaneceu nele. Não é senão o que ocorre a
um certo grau de adiantamento e de desmaterialização que a influência da
matéria se apaga completamente, e com ela o caráter dos sexos. Aqueles que se
apresentam a nós como homens ou como mulheres, é para lembrar a existência na
qual nós os conhecemos.
Se essa
influência repercute da vida corpórea à vida espiritual, ocorre o mesmo quando
o Espírito passa da vida espiritual à vida corpórea. Numa nova encarnação, ele
trará o caráter e as inclinações que tinha como Espírito; se for avançado, fará
um homem avançado; se for atrasado, fará um homem atrasado. Mudando de sexo,
poderá, pois, sob essa impressão e em sua nova encarnação, conservar os gostos,
as tendências e o caráter inerentes ao sexo que acaba de deixar. Assim se
explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos
homens e de certas mulheres. (RE 1866, pp. 3-4).
O pensamento de Kardec não deixa nenhuma margem à dúvida: “assim se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres”. Ora, se fala em “anomalias aparentes” é porque ele, Kardec, admite tais situações como dentro da normalidade, o que em outras palavras, poderíamos dizer como coisas completamente naturais.
O pensamento de Kardec não deixa nenhuma margem à dúvida: “assim se explicam certas anomalias aparentes que se notam no caráter de certos homens e de certas mulheres”. Ora, se fala em “anomalias aparentes” é porque ele, Kardec, admite tais situações como dentro da normalidade, o que em outras palavras, poderíamos dizer como coisas completamente naturais.
Também os espíritos André Luiz e
Emmanuel nos direciona o pensamento e a reflexão para o respeito, acolhimento e
inclusão da pessoa homossexual, entendendo a homossexualidade como uma condição
evolutiva natural decorrente de múltiplos fatores, sempre individuais para cada
espírito, construída ou escolhida pelo espírito, em função de tarefas
específicas ou provas redentoras, incluindo aí as condições expiativas e reeducativas devidas
a abusos afetivo-sexuais no passado, que parecem ser a causa determinante
da maior parte das condições homossexuais, segundo a literatura espírita.
Emmanuel nos esclarece a respeito
dessa realidade no livro Vida e Sexo, cap.21: A
homossexualidade, também hoje chamada transexualidade, em alguns círculos de
ciência, definindo-se, no conjunto de suas características, por tendência da
criatura para a comunhão afetiva com uma outra criatura do mesmo sexo, não
encontra explicação fundamental nos estudos psicológicos que tratam do assunto
em bases materialistas, mas é
perfeitamente compreensível, à luz da reencarnação.
Observada a ocorrência, mais com os
preconceitos da sociedade, constituída na Terra pela maioria heterossexual,
do que com as verdades simples da vida, essa mesma ocorrência vai crescendo
de intensidade e de extensão, com o próprio desenvolvimento da Humanidade, e o
mundo vê, na atualidade, em todos os países, extensas comunidades de irmãos em
experiência dessa espécie, somando milhões de homens e mulheres, solicitando
atenção e respeito, em pé de igualdade ao respeito e à atenção devidos às
criaturas heterossexuais.
A coletividade humana aprenderá,
gradativamente, a compreender que os conceitos de normalidade e de anormalidade
deixam a desejar quando se trate simplesmente de sinais morfológicos, para
se erguerem como agentes mais elevados de definição da dignidade humana, de vez
que a individualidade, em si, exalta a vida comunitária pelo próprio
comportamento na sustentação do bem de todos ou a deprime pelo mal que causa
com a parte que assume no jogo da delinquência.
A vida espiritual pura e simples se
rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto, através de milênios e
milênios, o Espírito passa por fileira imensa de reencarnações, ora em posição
de feminilidade, ora em condições de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno
da bissexualidade, mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas.
O homem e a mulher serão desse modo, de maneira respectiva, acentuadamente
masculino ou acentuadamente feminina, sem especificação psicológica absoluta. A
face disso, a individualidade em trânsito, da experiência feminina para a
masculina ou vice versa, ao envergar o casulo físico, demonstrará fatalmente os traços da feminilidade em que terá
estagiado por muitos séculos, em que pese ao corpo de formação
masculina que o segregue, verificando-se análogo processo com referência à
mulher nas mesmas circunstâncias. Obviamente compreensível, em vista do
exposto, que o Espírito no renascimento, entre os homens, pode tomar um corpo
feminino ou masculino, não apenas atendendo-se ao imperativo de
encargos particulares em determinado setor de ação, como também no que concerne
a obrigações regenerativas.
O homem que abusou das faculdades genésicas,
arruinando a existência de outras pessoas com a destruição de uniões
construtivas e lares diversos, em muitos casos é induzido a buscar nova
posição, no renascimento físico, em corpo morfologicamente feminino,
aprendendo, em regime de prisão, a reajustar os próprios sentimentos, e a
mulher que agiu de igual modo é impulsionada à reencarnação em corpo
morfologicamente masculino, com idênticos fins. E, ainda, em muitos outros casos,
Espíritos cultos e sensíveis, aspirando a realizar tarefas específicas na
elevação de agrupamentos humanos e, consequentemente, na elevação de si
próprios, rogam dos Instrutores da Vida Maior que os assistem a própria
internação no campo físico, em vestimenta carnal oposta à estrutura psicológica
pela qual transitoriamente se definem. Escolhem com isso viver
temporariamente ocultos na armadura carnal, com o que se garantem contra
arrastamentos irreversíveis, no mundo afetivo, de maneira a perseverarem, sem
maiores dificuldades, nos objetivos que abraçam.
Observadas as tendências homossexuais
dos companheiros reencarnados nessa faixa de prova ou de experiência, é forçoso
se lhes dê o amparo educativo adequado, tanto quanto se administra instrução à
maioria heterossexual. E para que isso se verifique em
linhas de justiça e compreensão, caminha o mundo de hoje para mais alto
entendimento dos problemas do amor e do sexo, porquanto, à frente da vida
eterna, os erros e acertos dos irmãos de qualquer procedência, nos domínios do
sexo e do amor, são analisados pelo mesmo elevado gabarito de Justiça e
Misericórdia. Isso porque todos os assuntos nessa área da evolução e da vida se
especificam na intimidade da consciência de cada um.
Sintetiza Emmanuel, na introdução
do livro Vida e Sexo: “(...) em torno do sexo, será justo
sintetizarmos todas as digressões nas normas seguintes: Não proibição, mas
educação. Não abstinência imposta, mas emprego digno,
com o devido respeito aos outros e a si mesmo. Não indisciplina, mas controle.
Não impulso livre, mas responsabilidade. Fora disso, é teorizar
simplesmente, para depois aprender ou reaprender com a experiência. Sem isso,
será enganar-nos, lutar sem proveito, sofrer e recomeçar a obra da sublimação
pessoal, tantas vezes quantas se fizerem precisas, pelos mecanismos da
reencarnação, porque a aplicação do sexo, ante a luz do amor e da vida, é
assunto pertinente à consciência de cada um”.
E complementa André Luiz, no livro Sexo
e destino – Cap. 5:
“(...)
no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto em condições normais quanto
em condições julgadas anormais, serão tratados em pé de igualdade, no mesmo
nível de dignidade humana, reparando-se as injustiças achacadas, há séculos,
contra aqueles que renascem sofrendo particularidades anômalas, porquanto a
perseguição e a crueldade com que são batidos pela sociedade humana lhes
impedem ou dificultam a execução dos encargos que trazem à existência física,
quando não fazem deles criaturas hipócritas, com necessidade de mentir
incessantemente para viver, sob o sol que a Bondade Divina acendeu em benefício
de todos.”
Entendemos que em relação à abstinência,
pode ser uma etapa necessária em certos casos, para a disciplina dos impulsos
íntimos, de heterossexuais e homossexuais, quando se percebam necessitados
de controle do desejo e da prática sem limites. Também pode
acontecer que tenham a condição de abstinência imposta pela misericórdia
divina como recurso emergencial perante circunstâncias de abusos reiterados
nessa área.
Diz Ermance Dufaux, no livro Unidos para o Amor: “Abstinência nem sempre é solução e
pode ser apenas uma medida disciplinar sem que, necessariamente, signifique um
ato educativo. Por educar devemos entender, sobretudo, a desenvoltura de
qualidades íntimas capazes de nos habilitar ao trato moral seguro e proveitoso
com a vida. (...) A questão da sexualidade é pessoal, intransferível, consciencial
e a ética nesse campo passa por muitas e muitas adequações”.
O Espiritismo recomenda a todas as
criaturas a conscientização a respeito da sacralidade do corpo físico e da
sexualidade, como fonte criativa e criadora, destinada a ser fonte de prazer físico
e espiritual, sobretudo de realização íntima para o ser humano, em todas as
suas formas de expressão.
Podemos compreender assim que
todos os indivíduos trazem em sua intimidade a possibilidade de se sentirem
atraídos e se apaixonarem por alguém, pois o encontro entre dois seres em sua
intimidade profunda será sempre um encontro de alguém que carrega em si a
masculinidade e feminilidade em maior ou menor grau, assim como o outro também
tem dentro si a masculinidade e feminilidade em maior ou menor grau, porém isso
não significa que vá ou necessite viver essa situação. O psiquismo atende
e responde ao impulso do espírito, que é assexuado, mas que cumpre programas
específicos em um ou outro sexo, conforme definição anterior e necessidade
evolutiva, inserido em um contexto sociocultural que o limita na percepção e
expressão do que vai em sua intimidade profunda.
O Espiritismo é uma doutrina livre e libertária, compromissada com
o entendimento da natureza íntima do ser humano e o progresso espiritual. Nos
dá bases muito ricas de entendimento do psiquismo e da sexualidade do espírito
imortal, como instrumentos divinos dados por Deus ao homem para seu
aprimoramento e felicidade. Além disso, nos oferece esclarecimento a respeito
das condições e situações determinadas pela liberdade do homem, que desvia
esses instrumentos superiores de suas funções sagradas. Considerando-se na Criação nada
existir com propósito nocivo, fescenino, imoral ou anormal, as tendências
homossexuais são resultantes da própria atividade do espírito imortal, através
da matéria educativa. Elas situam o ser numa faixa de prova ou de novas
experiências, para despertar-lhe e desenvolver-lhe novos ensinamentos sobre a
finalidade gloriosa e a felicidade da individualidade eterna. Não se trata de
um equívoco da criação, porquanto, não há erro nela, apenas experimento,
obrigando a novas aquisições, melhores para as manifestações da vida.
Para a Doutrina
Espírita a homossexualidade é apenas um estágio evolutivo, assim como a
heterossexualidade. Ser homossexual não fere as Leis Divinas e muito menos se
trata de um equívoco do Criador.
É imprescindível que se extinga o
preconceito e que os homossexuais tenham campo de trabalho, se dediquem ao
estudo e à prática da doutrina espírita, com a mesma naturalidade de
heterossexuais. Isso, para que compreendam o papel de sua condição em seu
momento evolutivo e a utilizem com respeito e dignidade com vistas ao
equacionamento dos dramas internos, ao cumprimento dos planos de trabalho
específicos em sua proposta encarnatória e ao seu progresso pessoal, da família
e da sociedade da qual faz parte, da mesma maneira como deve fazer o
heterossexual.
Aos pais de uma pessoa homossexual
cabe o acolhimento integral e amoroso do indivíduo, com aceitação de sua
condição, que nada mais é que uma das características da personalidade. Ser
homossexual não é sinônimo de ser promíscuo, inferior, afeminado (para homens)
ou masculinizado (para mulheres). Simplesmente atesta que o indivíduo se realiza
sexual e afetivamente no encontro entre iguais.
A pessoa homossexual deve receber
a mesma instrução e educação a respeito da sexualidade que os heterossexuais, a
fim de bem direcionar as suas energias e esforços no sentido da construção do
afeto com quem eleja como parceiro (a). A postura na vivência da
sexualidade, para homossexuais, deve ser a mesma aconselhada pelos
espíritos a heterossexuais: dignidade, respeito a si mesmo e ao outro,
valorização da família, da parceria afetiva profunda e dedicação da energia
sexual criativa em benefício da comunidade em que está inserido.
O acolhimento amoroso da família é fundamental para que o indivíduo homossexual possa se aceitar, se compreender, entendendo o papel dessa condição em sua vida atual, e para que se sinta digno e responsável perante suas escolhas. A luta, para aqueles que vivem essa condição, é grande, a fim de afirmar a sua autoestima em uma sociedade que banaliza a condição sexual e vulgariza a diferença. A família é o núcleo onde se encontram corações compromissados em projetos reencarnatórios comuns, com vínculos pessoais de cada um com o passado daqueles que com eles convivem, devendo ser cada membro dessa célula da sociedade, um esteio para que o melhor do outro venha à tona, por meio da experiência amorosa.
Todas as experiências evolutivas onde estejam presentes o autorrespeito, a autoconsideração, a autovalorização e o autoamor são experiências evolutivas promotoras de progresso e evolução, pois aquele que se oferece essas condições naturalmente as estende ao outro na vida. A homossexualidade, independentemente da forma como se haja estruturado como condição evolutiva momentânea do indivíduo, pode ser vivenciada com dignidade e ser um rico campo de experimentação do afeto e construção do amor, desde que aqueles que a vivam se lembrem de que são espíritos imortais e de que a vida na matéria é tempo de plantio para a eternidade, no terreno do sentimento e das conquistas evolutivas propiciadas pelo amor, em qualquer de suas infinitas manifestações.
Os grifos e negritos são meus.