sábado, 4 de março de 2017

A ANTIPATIA

ANTIPATIA
Por que manifestamos antipatias?

No Evangelho Segundo o Espíritismo, Cap. V Item 11 – Esquecimento do Passado - encontramos o seguinte ensinamento:

Se Deus julgou conveniente lançar um véu sobre o passado, é porque isso devia ser útil. Com efeito, essa lembrança teria graves inconvenientes; poderia, em certos casos, nos humilhar estranhamente, ou exaltar o nosso orgulho, e, por isso mesmo, entravar o nosso livre arbítrio; em todos os casos traria perturbação nas relações sociais.

Frequentemente, renascemos no mesmo meio, a fim de repararmos o mal. Se reconhecêssemos as que odiamos talvez o ódio se revelasse; e seria humilhado diante dos ofendidos. Deus nos deu para o nosso adiantamento a voz da consciência e nossas tendências instintivas, e nos tira o que poderia nos prejudicar. Ao nascer, o homem traz o que adquiriu, cada existência é um novo ponto de partida; pouco lhe importa saber o que foi, é nisto que deve concentrar a sua atenção.

A antipatia resulta de uma oposi­ção de sentimentos: o prefixo grego anti significa “contrário”, “oposto”; a palavra grega pathos quer dizer “sen­timento” (o que se sofre, o que se sente, o que se experimenta).

Há um tipo de antipatia decorrente da ausência de afinidade entre duas ou mais pessoas. Os gostos e inclinações de uma, ou umas, opõem-se aos de outra, ou outras; são, por isso, “antipáticas” entre si, mas nem por isso se agridem. Quando muito, evitam-se mutuamente.

Não raro, contudo, a antipatia se manifesta por uma aversão ou repug­nância contra alguém, sem motivação evidente e sem aparente possibilidade de explicação racional. Traduz-se, en­tão, por um sentimento antissocial, tanto mais grave quanto mais insiste o indivíduo em cultivá-lo, sem nenhum interesse em lhe conhecer as causas.

Reencarnados, o transitório esquecimento do passado facilita o recomeço, com amplas possibilidades ao entendimento e à cordialidade. Lembrasse o espírito dos motivos da antipatia ou do amor, de vidas passadas, vincular-se-ia apenas aos seres simpáticos, afastando-se daqueles por quem se sentiu prejudicado, complicando indefinidamente a libertação das causas infelizes. Assim é que o filho revel retorna como pai, a esposa ultrajada na condição de mãe, o criminoso ao lado da antiga vítima, etc, e daí as antipatias inexplicáveis, “gratuitas”.

Os escritores de assun­tos morais e espirituais gostam de citar o que se disse certa feita: “Nunca conheci alguém de que não gostasse”, o que se pode traduzir: nunca manifestei antipatia por nin­guém.

Mas, não quer isso dizer que se gos­ta de tudo em todos; mas em todos pode se achar sempre alguma coisa que agrada, ou que, pelo menos, não o desgoste.

O interesse pelos outros, portanto, é um primeiro passo para a anulação da antipatia, sobretudo essa a que se dá a qualificação de “gratuita”. O primeiro passo, porque em seguida serão dados outros no sen­tido do conhecimento de nós mesmos.

Por que manifestamos antipatias? Não é porque temos opiniões?

Diz um axioma psicológico que a opinião é o mais baixo grau do conhecimento. Na verdade, a qualquer opinião se podem opor outras, de onde a ausência de ver­dade em todas elas. 

Um fato não admi­te opiniões a seu respeito: o indivíduo íntegro, esclarecido, inteligente, não vive de opiniões, mas de fatos. “0 Sol brilha”, é um fato que não admite con­testações, ou opiniões. Diante do fato não há propriamente aceitação. Ele é.

Quando encaramos o próximo como um fato, e fugimos de tecer con­siderações e julgamentos a respeito dele, não lhe poderemos ter antipatia. É possível que então permaneçamos apáticos em relação a ele; mas, se o encararmos com grande interesse, sem nenhum empenho de justificá-lo ou o condenar; e lhe descobrirmos a cor dos olhos e dos cabelos; a sua maneira de andar e assentar-se; de falar e de sorrir; de curvar-se diante de uma flor, de uma criança, de um bicho qualquer; de interessar-se, ele por sua vez, por aqueles que o rodeiam; de manifestar, enfim, a VIDA ATUANTE que está nele que podemos entender como “DEUS EM NÓS”; somos todos criaturas de Deus, é mais que provável, é quase certo, de que passaremos a lhe votar profunda simpatia, compreendendo que todos estamos num grande hospital-escola, onde a maioria encontra-se enfermo e deseducado.

A antipatia convertendo-se em animosidade  crescente, tisna a razão, perturba a ótica dos acontecimentos, que não conseguindo atingir a quem lhe deu origem, fere o ser no qual se apoia. Tumores de origem desconhecida, distúrbios de etiologia ignorada, constituem venenos do ressentimento que se somatizam. 

Tudo no Universo é ondas e vibrações, e o equilíbrio procede do Pode Criador, que vige na sintonia com a ordem e os princípios da harmonia. Cultivando-se a mágoa, convertendo-se a antipatia em ressentimento, este descarrega vibrações perniciosas, interrompendo o fluxo normal das ondas que mantêm a interação psicofísica, desarmonizando o ciclo vital surgindo a distonia, com processos de tumores e neoplasias malignas.  


É necessário vigilância e ação da vontade com real sentimento de humildade – que é virtude especial – para converter a antipatia em compreensão e tolerância. Cada pessoa é conforme suas estruturas psicológicas. Desejá-las diferentes, significa ignorar as próprias possibilidades. Dê ao outro o direito de errar, como se gostaria de ter esse mesmo direito. É o melhor que ele pode fazer no presente momento, no nível de estágio que se encontra.

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