ANTIPATIA
Por que manifestamos
antipatias?
No Evangelho Segundo o Espíritismo, Cap. V
Item 11 – Esquecimento do Passado - encontramos o seguinte ensinamento:
Se
Deus julgou conveniente lançar um véu sobre o passado, é porque isso devia ser
útil. Com efeito, essa lembrança teria graves inconvenientes; poderia, em
certos casos, nos humilhar estranhamente, ou exaltar o nosso orgulho, e, por
isso mesmo, entravar o nosso livre arbítrio; em todos os casos traria
perturbação nas relações sociais.
Frequentemente,
renascemos no mesmo meio, a fim de repararmos o mal. Se reconhecêssemos as que odiamos
talvez o ódio se revelasse; e seria humilhado diante dos ofendidos. Deus nos
deu para o nosso adiantamento a voz da consciência e nossas tendências
instintivas, e nos tira o que poderia nos prejudicar. Ao nascer, o homem traz o
que adquiriu, cada existência é um novo ponto de partida; pouco lhe importa
saber o que foi, é nisto que deve concentrar a sua atenção.
A
antipatia resulta de uma oposição de sentimentos: o prefixo grego anti significa
“contrário”, “oposto”; a palavra grega pathos quer dizer
“sentimento” (o que se sofre, o que se sente, o que se experimenta).
Há
um tipo de antipatia decorrente da ausência de afinidade entre duas ou mais
pessoas. Os gostos e inclinações de uma, ou umas, opõem-se aos de outra, ou
outras; são, por isso, “antipáticas” entre si, mas nem por isso se agridem. Quando
muito, evitam-se mutuamente.
Não
raro, contudo, a antipatia se manifesta por uma aversão ou repugnância contra
alguém, sem motivação evidente e sem aparente possibilidade de explicação
racional. Traduz-se, então, por um sentimento antissocial, tanto mais grave
quanto mais insiste o indivíduo em cultivá-lo, sem nenhum interesse em lhe
conhecer as causas.
Reencarnados,
o transitório esquecimento do passado facilita o recomeço, com amplas
possibilidades ao entendimento e à cordialidade. Lembrasse o espírito dos
motivos da antipatia ou do amor, de vidas passadas, vincular-se-ia apenas aos
seres simpáticos, afastando-se daqueles por quem se sentiu prejudicado,
complicando indefinidamente a libertação das causas infelizes. Assim é que o
filho revel retorna como pai, a esposa ultrajada na condição de mãe, o criminoso
ao lado da antiga vítima, etc, e daí as antipatias inexplicáveis, “gratuitas”.
Os
escritores de assuntos morais e espirituais gostam de citar o que se disse
certa feita: “Nunca conheci alguém de que não gostasse”, o que se pode
traduzir: nunca manifestei antipatia por ninguém.
Mas,
não quer isso dizer que se gosta de tudo em todos; mas em todos pode se achar
sempre alguma coisa que agrada, ou que, pelo menos, não o desgoste.
O
interesse pelos outros, portanto, é um primeiro passo para a anulação da
antipatia, sobretudo essa a que se dá a qualificação de “gratuita”. O primeiro
passo, porque em seguida serão dados outros no sentido do conhecimento de nós
mesmos.
Por
que manifestamos antipatias? Não é porque temos opiniões?
Diz
um axioma psicológico que a opinião é o mais baixo grau do conhecimento. Na
verdade, a qualquer opinião se podem opor outras, de onde a ausência de verdade
em todas elas.
Um fato não admite opiniões a seu respeito: o indivíduo
íntegro, esclarecido, inteligente, não vive de opiniões, mas de fatos. “0 Sol
brilha”, é um fato que não admite contestações, ou opiniões. Diante do fato
não há propriamente aceitação. Ele é.
Quando
encaramos o próximo como um fato, e fugimos de tecer considerações e
julgamentos a respeito dele, não lhe poderemos ter antipatia. É possível que
então permaneçamos apáticos em relação a ele; mas, se o encararmos com grande
interesse, sem nenhum empenho de justificá-lo ou o condenar; e lhe descobrirmos
a cor dos olhos e dos cabelos; a sua maneira de andar e assentar-se; de falar e
de sorrir; de curvar-se diante de uma flor, de uma criança, de um bicho
qualquer; de interessar-se, ele por sua vez, por aqueles que o rodeiam; de
manifestar, enfim, a VIDA ATUANTE que está nele que podemos entender como “DEUS
EM NÓS”; somos todos criaturas de Deus, é mais que provável, é quase certo, de
que passaremos a lhe votar profunda simpatia, compreendendo que todos estamos
num grande hospital-escola, onde a maioria encontra-se enfermo e deseducado.
A
antipatia convertendo-se em animosidade
crescente, tisna a razão, perturba a ótica dos acontecimentos, que não
conseguindo atingir a quem lhe deu origem, fere o ser no qual se apoia. Tumores
de origem desconhecida, distúrbios de etiologia ignorada, constituem venenos do
ressentimento que se somatizam.
Tudo
no Universo é ondas e vibrações, e o equilíbrio procede do Pode Criador, que
vige na sintonia com a ordem e os princípios da harmonia. Cultivando-se a mágoa,
convertendo-se a antipatia em ressentimento, este descarrega vibrações
perniciosas, interrompendo o fluxo normal das ondas que mantêm a interação
psicofísica, desarmonizando o ciclo vital surgindo a distonia, com processos de
tumores e neoplasias malignas.
É necessário vigilância e ação da vontade
com real sentimento de humildade – que é virtude especial – para converter a antipatia
em compreensão e tolerância. Cada pessoa é conforme suas estruturas
psicológicas. Desejá-las diferentes, significa ignorar as próprias
possibilidades. Dê ao outro o direito de errar, como se gostaria de ter esse
mesmo direito. É o melhor que ele pode fazer no presente momento, no nível de
estágio que se encontra.
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