domingo, 23 de abril de 2017

HISTORIA ESPIRITUAL DA TERRA PARTE IV – FINAL - MOISÉS E O ÊXODO

HISTORIA ESPIRITUAL DA TERRA
PARTE IV – FINAL - MOISÉS E O ÊXODO

Como um fato de importância, como a saída de seiscentas mil pessoas, não foi registrado pelos egípcios, na sua história, assim como as dez pragas e especialmente a morte dos primogênitos.

Há historiadores que falam que isto se deu nos tempos de Ramsés II, outros já localizam em período posterior, na época de Merneptah, sucessor e filho de Ramsés II. Há também um historiador que localiza o êxodo junto com o ataque a Jericó pelo faraó Amenófis I, em 1545 a.C., mas esta teoria encontra pouco eco entre os demais estudiosos, preferindo datar tal fato no reino de Merneptah, por volta de 1232 a.C.

Tanto Ramsés II perdeu o seu primogênito, Khaemouast, seu filho preferido, como provam as imagens em Abou Simbel, como Merneptah também perdeu seu primogênito, o que embaralha um pouco as coisas.

De tempos em tempos, o Egito era assolado por desequilíbrios ecológicos pelo fato de o rio Nilo não transbordar adequadamente, gerando pragas de gafanhotos, ratos, percevejos, água barrenta de cor vermelha (sangue na água), e como consequência havia pouca colheita, fome, dizimação da população por doenças (peste bubônica) e algumas revoltas localizadas, atrás de comida e água potável. Isto também atingia os rebanhos e os animais domésticos. Portanto, as dez pragas descritas na Bíblia como obra de Yahveh, através de seu médium Moises, mesmo que os hebreus tenham inferido que estas pragas fossem um castigo de Yahveh contra o Egito, que não permitia sua saída, o fato mais provável é que os fenômenos naturais, telúricos, assim fossem interpretados.

Se fôssemos admitir uma atividade divina na história dos fatos, o que contraria a Bondade e Misericórdia de Deus, concluimos que se tratava muito mais uma tenebrosa obsessão demoníaca engendrada por algum espírito tenebroso, muito bem descrito como sendo o Deus irado, vingativo, mandava apedrejar, matar inocentes. Não, realmente hoje fazemos outra ideia de Deus; um Criador e Mantenedor do Universo e suas criaturas, e não uma pessoa com todos os vícios humanos, desumano e assassino.

Vejam que Moisés é levado a pedir a saída do povo hebreu e que, por várias vezes, o faraó concorda, para depois, voltar atrás na palavra dada e com isto, Moisés roga pragas que desintegram o Egito, levando à ruína e à morte os animais e seres humanos. Cada vez que o faraó concorda, Deus o faz voltar atrás. Por quê? Se Deus quisesse tirar seu povo da escravidão, por que ele iria endurecer o coração do monarca egípcio, fazendo-o retroagir na palavra real? Esta história por si só é inverossímil. É a face da história criada para enaltecer o Deus Israelita e fazer com que o povo obedecesse, e não tivesse mais desejo que retornar ao Egito.

Por outro lado, as entradas na corte egípcia por parte de Moisés são também sujeitas a uma razoável dúvida. Como é que Moisés entrava e saía da corte do faraó, dando-lhe ordens peremptórias, ameaçando-o e dando demonstrações de força sem que o faraó, figura que naquele tempo era lei e ordem, nada fizesse? Basta ver como é difícil alguém tentar falar com o primeiro mandatário de um país atualmente, para notar que entrar e sair da corte do faraó devia ser uma missão impossível.

O mais fanático poderia dizer que Deus estava com ele e que, desta forma, ninguém podia impedi-lo de entrar. Mas por que razão, se Deus estava com ele, o faraó concordava e depois, o próprio Deus o fazia voltar atrás? Para testá-lo? Para testar a vontade do povo hebreu? Ou será que a história era outra?

A história egípcia relata que Merneptah havia assumido um reino depauperado pelas grandes construções de seu pai, que drenaram os cofres públicos. Sabemos também que, no final do governo Ramsés II ou no início da administração de Merneptah, houve distúrbios, fome, peste bubônica e greves de escravos e até mesmo de administradores do terceiro escalão.

Consta dos registros históricos que um certo sacerdote de Amon-Rá foi destacado pelo faraó Merneptah para ensinar higiene aos habirus, pois acreditava-se que o motivo da peste era a falta de higiene dos campos de construção de Perramsés - um bairro vizinho e de luxo, murado, em Djanet, terra de onde provinha a família de Ramsés, assim como em duas outras localidades onde estavam sendo construídos fortes e cidades; o que demonstra que o faraó não queria mal a este povo, mas também que não o suportava. Aliás, os egípcios sempre foram xenófobos - horror ao estrangeiro - e não suportavam nada que viesse de fora, especialmente depois da dominação dos hicsos.

Pode-se deduzir que os habirus eram uma pedra no sapato do faraó e que devia existir pressão por parte dos nobres, como também do clero, para que fossem expulsos do Egito.

Analisando a história bíblica, notamos mais discrepância quanto à atuação dos egípcios e do faraó. Quando finalmente os hebreus são autorizados a sair, o faraó, mais uma vez, tem seu coração endurecido por Deus, e resolve sair em perseguição aos hebreus, e acaba levando sua tropa à destruição no mar Vermelho. De acordo com a lenda, o mar Vermelho foi aberto por Yahveh, através de Moisés, e, providencialmente fechado durante a passagem do exército egípcio. Esta passagem apresenta alguns problemas de entendimento. Porquê os hebreus não atravessaram o mar Vermelho, mas, em certo momento, margearam-no.

Ora, os egípcios conheciam muito melhor este trajeto do que os hebreus, que nunca haviam passado por lá. Ninguém iria se aventurar em pântanos, especialmente com carros de roda que podem atolar com facilidade. Deve-se inferir outro fato, ou seja, que os exércitos egípcios não estavam perseguindo os hebreus, mas apenas acompanhando-os, a certa distância, para se certificarem de que os expulsos não voltariam sobre seus calcanhares. Quando se asseguraram de que os hebreus estavam bastante embrenhados no deserto do Sinai, eles retornaram, pois havia a séria ameaça dos líbios que pairava sobre eles.

O faraó não iria arriscar todo o seu exército numa perseguição e deixar sua terra à mercê dos povos indo-europeus que a ameaçavam de invasão. No máximo deve ter mandado um destacamento que, sem dúvida, deve ter assustado os hebreus, impedindo-os de voltar. Do momento em que se meteram dentro do forno sináico, nada mais podiam fazer a não ser prosseguir e encontrar seu destino, o que permitiu o retorno das forças egípcias para defenderem seu território.

A atuação de Yahveh no deserto do Sinai também é incompreensível: por um sim ou por um não, por qualquer desobediência, Yahveh fulmina seus seguidores, matando milhares de cada vez. Temos que inferir que o verdadeiro Deus jamais iria matar suas criaturas simplesmente porque eles não acreditam em sua existência. Se fosse assim, grandes contingentes atuais já estariam mortos, já que a descrença num ser supremo alcança grande parte de nossa atual população terráquea.

Se admitirmos que esses fatos realmente aconteceram conforme a Bíblia, então temos que concluir que os espíritos superiores ou destacaram um espírito tenebroso para guiar o povo hebreu, ou então Yahveh era realmente um demônio cujo único interesse era a adoração à sua pessoa seja de que forma fosse, sendo capaz de matar os dissidentes com a crueldade de um Hitler e a rapidez de um Tamerlão. Principalmente para um povo que se acreditava eleito do Senhor, como os Israelitas até hoje acreditam. Se os líderes hebreus praticaram estas mortes usando como desculpa uma obra divina, eles conseguiram aplainar qualquer resistência contra sua liderança, mas também denegriram a imagem de Deus, apequenando-o de forma acachapante.

Se os morticínios porventura aconteceram se deveram a dois fatos. O primeiro, as duras condições do deserto do Sinai que deve ter ceifado os menos aptos. O segundo se deve ao fato de que aquela massa heterogênea de semitas reunida, provavelmente às pressas, e aglomerada de qualquer maneira, deve ter gerado conflitos étnicos entre as tribos naquela época miscigenada.

As condições do deserto são terríveis até mesmo para os muito bem preparados, imaginemos o que deve ter acontecido aos velhos, aos doentes, às crianças subnutridas e às mulheres depauperadas.

Outra dúvida que se pode fazer é: por que razão os hebreus não foram direto até Canaã. A resposta é dada pela própria história. Canaã era habitada por diversas tribos guerreiras, compostas de cananeus semitas, horeus ou hititas indo-europeus e outros povos mitológicos como os gigantescos enacins, provavelmente homens de dois metros que pareceriam gigantescos para uma raça de um metro e sessenta, em média.

Deste modo, estando Canaã ocupada por tribos perigosas, seria necessário que eles fossem para um lugar desértico e lá se preparassem para enfrentá-las, o que faria qualquer líder de mínima perspicácia. Por outro lado, a Bíblia nos relata que Moisés enfrentou diversas rebeliões e dissidências que foram debeladas à custa de mortes (quase sempre imputadas a Yahveh) e ele deve ter concluído que, com tal 'escória' - os escravos e os nobres israelitas com sua indolência - ele jamais seria capaz de conquistar a terra prometida.

Certamente ele deve ter instruído sua liderança a conquistar a simpatia dos mais jovens, educando-os à parte dos pais, pois desta forma ele poderia fazer sua conscientização. Caso contrário, os jovens, sob a influência dos pais, continuariam sua má vontade para com o êxodo, querendo voltar para o Egito.

Moisés teria que preparar sua elite guerreira sem a qual jamais conquistaria a terra prometida. Para tal sua estadia no Sinai deve ter sido forçada por estes fatos. Conforme a Bíblia ficaram quarenta anos no deserto, mas provavelmente o período necessário para formar seu exército não deve ter ultrapassado os quinze anos. Se ele pegasse as crianças com cinco anos, com mais quinze anos, ele teria gente apta para enfrentar os seus inimigos, pois estariam com vinte anos, idade boa para a luta.
Para ficar quarenta anos naquele forno, ele teria que aproveitar a segunda geração de nascidos no deserto, o que seria excessivamente longo. As revoltas acontecidas em Kadesh-Barnea, oásis em que os hebreus acamparam, demonstra que sua estadia naquele lugar sempre foi ameaçada. Por isto mesmo ele teria que ser rápido, e tanto foi que, em vez de entrar pela terra dos edomitas, ele teve que contornar Canaã para destruir os maobitas e penetrar pelo lado mais enfraquecido, que era Jericó, onde ele sabia que enfrentaria menos resistências.

Por outro lado, sabemos que o seu sucessor foi Josué e que saiu do Egito com ele, já sendo seu braço direito após Aharon, seu pretenso irmão. Depois da morte de Moisés, Josué ainda durou vários anos, tendo comandado as hostes hebreias em sua conquista de Canaã. Se estabelecermos que Josué devia ter entre vinte e trinta anos quando saiu do Egito e se adicionarmos mais quarenta anos de deserto e mais vinte anos de conquistas em Canaã, ele teria morrido entre oitenta e noventa anos, uma idade excessivamente provecta para quem passou a vida no deserto, alimentando-se mal e sob o sol inclemente durante o dia e o frio extremo de noite. Já se somarmos dez a quinze anos no deserto do Sinai, ele teria morrido entre cinquenta e sessenta anos, o que é mais natural para uma época em que a idade média chegava aos quarenta anos.

Voltando à figura de Moisés, temos que analisar se de fato ele foi um hebreu criado por uma princesa egípcia, salvo das águas do Nilo. Ora isto parece ser mais uma lenda para gerar uma figura divinizável. Um rio cheio de crocodilos e hipopótamos não seria o lugar ideal para colocar uma criança numa cesta de vime. Sem dúvida a cesta viraria com a correnteza da água, matando a criança. Por outro lado, o nome Moisés - Moschê - não é um nome hebreu, sendo a corruptela de Ahmose, um nome egípcio que significa Rá nasceu, ou alvorada. Aliás, um nome não totalmente incomum, portanto dando a entender que o tal sacerdote de Amon-Rá de nome Ahmose destacado por Merneptah para ensinar higiene aos habirus, e Ahmose, já com sua corruptela hebreia Moschê, só podem ser a mesma pessoa.

Isto não impede que qualquer uma dessas figuras possa ter sido criada pela princesa Thermutis. No entanto, devemos nos perguntar por que uma princesa egípcia iria criar um habiru - um povo malvisto pelos egípcios - se ele não fosse seu próprio filho? Ainda mais educado na corte e no alto grau de sacerdócio? Isso só ocorria com os príncipes do Egito, até mesmo os filhos de nobres não tinham essa oportunidade.

Por outro lado, nenhum egípcio se apresentaria como sacerdote de Amon-Rá para ensinar higiene aos habirus, pois correria risco de vida entre aquele povo também xenófobo. Ele teria que ser introduzido por algum membro proeminente dos habirus, apresentando-o como um descendente hebreu. Assim Moises teria que conhecer e ter um motivo ou um objetivo de comum acordo. Quem assim o apresentou seria Aharon (também conhecido como Arão), que, para todos os efeitos históricos, apresentou Moisés como seu irmão. Aharon concordava em tirar o povo do Egito, sendo Arão o porta-voz de Moisés não porque o líder hebreu era gago, ou falava mal, mas porque desconhecia, inicialmente, a língua habiru.

Tanto é verdade que, depois de aprendê-la, já no Sinai é capaz de discursar inflamadamente contra os revoltosos, os insidiosos e os idólatras. Por outro lado, Aharon não iria apresentá-lo como egípcio, tendo que inventar uma história que demonstrasse sua origem hebreia. Sua irmã Miriam teria que estar mancomunada, sem o que sua lenda poderia ser contestada pela irmã ou por outro familiar.

Se Moisés tinha mesmo sangue hebreu é um mistério que jamais saberemos, no entanto, creio que ele devia ter sangue semita, sem o que ele teria traços excessivamente egípcios para se passar por habiru. Se Thermútis tivesse tido um filho legítimo, com um parente ou nobre destacado para tal fato por Ramsés, seu presumível pai, Ahmose teria o tipo físico egípcio, de difícil aceitação entre os semitas habirus. Deste modo, ela deve ter tido um filho ilegítimo com algum nobre semita que visitou ou habitou a corte de Ramsés II por algum tempo.

Poderia até mesmo ser filho ilegítimo de algum nobre de Israel radicado no Egito com a princesa, hipótese que não deve ser descartada.

Uma coisa é certa: se Moises fosse mesmo um habiru recolhido das águas (!) portanto de fato ilegítimo, sua vida na corte deve ter sido péssima, pois ninguém aceitava bastardos, mesmo de origem real.

Se ele matou algum guarda (como conta a história), não seria motivo para fugir da corte, pois os egípcios eram liberais quanto a estas 'pequenas faltas' dos nobres, principalmente sendo filho da princesa. Já se ele tivesse matado um nobre, sua vida de nada valeria, sendo preso e morto.

Moisés, sem dúvida era um grande médium. O que corrobora a história onde era considerado um grande mago, um poderoso feiticeiro, um medianeiro entre Yahveh e os hebreus. Ele poderia ter aprendido estas artes mágicas nos templos de Amon-Rá, já que era considerado um sacerdote deste templo, ou poderia ter aprendido estas práticas nos principais templos da região, lembrando que a raça egípcia era proveniente dos capelinos degredados e tinham em alto conhecimento, astronomia, engenharia, o que atesta suas obras e seus conhecimentos religiosos, ocultos ao povo.

Para fazer o que Moises fez ele tinha uma experiência fenomenal, uma mente mais aberta do que dos xenófobos egípcios. Se ele não tivesse, jamais teria levado sua missão a cabo, devido à sua antipatia e preconceito contra os habirus. Ele teria que ter uma visão mais ampla, tanto da espiritualidade, como também dos costumes diferentes de vários povos, sem o que sua missão se tornaria difícil, quiçá impossível.

Qual a real importância de Moisés na história universal? Basicamente ele foi o maior precursor na transformação de um culto henoteísta em monoteísta. Já existiam alguns cultos monoteístas, mas que não conseguiram se difundir adequadamente.

Alguns hurritas acreditavam num deus único chamado Sutekh, mas eles não conseguiram e nem quiseram difundi-lo, pois até entre eles, existiam alguns que eram politeístas. Já os judeus, sucessores históricos dos hebreus, eram ferrenhos defensores de Yahveh, sendo de um fanatismo exacerbado. Esta religiosidade acabaria desembocando na figura de Jesus e na introdução de um deus menos terrível, mais amoroso e justo, que viria a gerar o deus do cristianismo. No entanto, Moisés foi obrigado a apresentar assim mesmo uma divindade ainda feroz, pois seus seguidores só entendiam o medo.

Sua grande atuação, no entanto, foi legislativa, pois transformou um povo nômade, numa nação que caminhava para o estado de direito. Suas leis, tanto religiosas, como sociais, viriam a se consolidar nos livros bíblicos de Deuteronômio, Números e Levítico, somente transcritos por Ezra, por volta do ano 444/400 a.C., transformando leis consuetudinárias (verdadeiros compêndios de sabedoria popular, não passando por um processo formal de criação de leis) em leis escritas, solidificando, através do Torah escrito, o que já era conhecido oralmente. A história judaica já mencionava a Torah oral antes de Ezra

Se foi Moisés que escreveu os cinco livros, conhecidos como Pentateuco, seria mais uma evidência de que ele andou pela Mesopotâmia, ou pelo menos conheceu as lendas sumérias, pois a criação do universo, a perda do paraíso, o dilúvio universal são lendas de que ele teria tido conhecimento em Ur e na Babilônia, vinda dos capelinos que ali civilizaram o povo.


Também Ezra (Esdras), conhecia e aceitava as lendas sumérias e babilônicas, já que ele nasceu na Babilônia e foi um dos responsáveis, junto com Nehemias, pelo retorno do povo judeu à Palestina.

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