HISTORIA ESPIRITUAL DA TERRA
PARTE IV – FINAL - MOISÉS
E O ÊXODO
Como
um fato de importância, como a saída de seiscentas mil pessoas, não foi
registrado pelos egípcios, na sua história, assim como as dez pragas e especialmente a morte dos
primogênitos.
Há
historiadores que falam que isto se deu nos tempos de Ramsés II, outros já
localizam em período posterior, na época de Merneptah, sucessor e filho de
Ramsés II. Há também um historiador que localiza o êxodo junto com o ataque a
Jericó pelo faraó Amenófis I, em 1545 a.C., mas esta teoria encontra pouco eco
entre os demais estudiosos, preferindo datar tal fato no reino de Merneptah,
por volta de 1232 a.C.
Tanto
Ramsés II perdeu o seu primogênito, Khaemouast, seu filho preferido, como
provam as imagens em Abou Simbel, como Merneptah também perdeu seu primogênito,
o que embaralha um pouco as coisas.
De
tempos em tempos, o Egito era assolado por desequilíbrios ecológicos pelo fato
de o rio Nilo não transbordar adequadamente, gerando pragas de gafanhotos,
ratos, percevejos, água barrenta de cor vermelha (sangue na água), e como consequência
havia pouca colheita, fome, dizimação da população por doenças (peste bubônica)
e algumas revoltas localizadas, atrás de comida e água potável. Isto também
atingia os rebanhos e os animais domésticos. Portanto, as dez pragas descritas
na Bíblia como obra de Yahveh, através de seu médium Moises, mesmo que os hebreus
tenham inferido que estas pragas fossem um castigo de Yahveh contra o Egito,
que não permitia sua saída, o fato mais provável é que os fenômenos naturais,
telúricos, assim fossem interpretados.
Se
fôssemos admitir uma atividade divina na história dos fatos, o que contraria a
Bondade e Misericórdia de Deus, concluimos que se tratava muito mais uma
tenebrosa obsessão demoníaca engendrada por algum espírito tenebroso, muito bem
descrito como sendo o Deus irado, vingativo, mandava apedrejar, matar
inocentes. Não, realmente hoje fazemos outra ideia de Deus; um Criador e
Mantenedor do Universo e suas criaturas, e não uma pessoa com todos os vícios
humanos, desumano e assassino.
Vejam
que Moisés é levado a pedir a saída do povo hebreu e que, por várias vezes, o
faraó concorda, para depois, voltar atrás na palavra dada e com isto, Moisés roga
pragas que desintegram o Egito, levando à ruína e à morte os animais e seres humanos.
Cada vez que o faraó concorda, Deus o faz voltar atrás. Por quê? Se Deus
quisesse tirar seu povo da escravidão, por que ele iria endurecer o coração do
monarca egípcio, fazendo-o retroagir na palavra real? Esta história por si só é
inverossímil. É a face da história criada para enaltecer o Deus Israelita e
fazer com que o povo obedecesse, e não tivesse mais desejo que retornar ao
Egito.
Por
outro lado, as entradas na corte egípcia por parte de Moisés são também
sujeitas a uma razoável dúvida. Como é que Moisés entrava e saía da corte do
faraó, dando-lhe ordens peremptórias, ameaçando-o e dando demonstrações de
força sem que o faraó, figura que naquele tempo era lei e ordem, nada fizesse?
Basta ver como é difícil alguém tentar falar com o primeiro mandatário de um país
atualmente, para notar que entrar e sair da corte do faraó devia ser uma missão
impossível.
O
mais fanático poderia dizer que Deus estava com ele e que, desta forma, ninguém
podia impedi-lo de entrar. Mas por que razão, se Deus estava com ele, o faraó
concordava e depois, o próprio Deus o fazia voltar atrás? Para testá-lo? Para
testar a vontade do povo hebreu? Ou será que a história era outra?
A
história egípcia relata que Merneptah havia assumido um reino depauperado pelas
grandes construções de seu pai, que drenaram os cofres públicos. Sabemos também
que, no final do governo Ramsés II ou no início da administração de Merneptah,
houve distúrbios, fome, peste bubônica e greves de escravos e até mesmo de
administradores do terceiro escalão.
Consta
dos registros históricos que um certo sacerdote de Amon-Rá foi destacado pelo
faraó Merneptah para ensinar higiene aos habirus, pois acreditava-se que o
motivo da peste era a falta de higiene dos campos de construção de Perramsés -
um bairro vizinho e de luxo, murado, em Djanet, terra de onde provinha a
família de Ramsés, assim como em duas outras localidades onde estavam sendo
construídos fortes e cidades; o que demonstra que o faraó não queria mal a este
povo, mas também que não o suportava. Aliás, os egípcios sempre foram xenófobos
- horror ao estrangeiro - e não suportavam nada que viesse de fora,
especialmente depois da dominação dos hicsos.
Pode-se
deduzir que os habirus eram uma pedra no sapato do faraó e que devia existir
pressão por parte dos nobres, como também do clero, para que fossem expulsos do
Egito.
Analisando
a história bíblica, notamos mais discrepância quanto à atuação dos egípcios e
do faraó. Quando finalmente os hebreus são autorizados a sair, o faraó, mais
uma vez, tem seu coração endurecido por Deus, e resolve sair em perseguição aos
hebreus, e acaba levando sua tropa à destruição no mar Vermelho. De acordo com
a lenda, o mar Vermelho foi aberto por Yahveh, através de Moisés, e,
providencialmente fechado durante a passagem do exército egípcio. Esta passagem
apresenta alguns problemas de entendimento. Porquê os hebreus não atravessaram
o mar Vermelho, mas, em certo momento, margearam-no.
Ora,
os egípcios conheciam muito melhor este trajeto do que os hebreus, que nunca
haviam passado por lá. Ninguém iria se aventurar em pântanos, especialmente com
carros de roda que podem atolar com facilidade. Deve-se inferir outro fato, ou
seja, que os exércitos egípcios não estavam perseguindo os hebreus, mas apenas
acompanhando-os, a certa distância, para se certificarem de que os expulsos não
voltariam sobre seus calcanhares. Quando se asseguraram de que os hebreus
estavam bastante embrenhados no deserto do Sinai, eles retornaram, pois havia a
séria ameaça dos líbios que pairava sobre eles.
O
faraó não iria arriscar todo o seu exército numa perseguição e deixar sua terra
à mercê dos povos indo-europeus que a ameaçavam de invasão. No máximo deve ter
mandado um destacamento que, sem dúvida, deve ter assustado os hebreus,
impedindo-os de voltar. Do momento em que se meteram dentro do forno sináico,
nada mais podiam fazer a não ser prosseguir e encontrar seu destino, o que
permitiu o retorno das forças egípcias para defenderem seu território.
A
atuação de Yahveh no deserto do Sinai também é incompreensível: por um sim ou por um não, por qualquer
desobediência, Yahveh fulmina seus seguidores, matando milhares de cada vez.
Temos que inferir que o verdadeiro Deus jamais iria matar suas criaturas
simplesmente porque eles não acreditam em sua existência. Se fosse assim,
grandes contingentes atuais já estariam mortos, já que a descrença num ser
supremo alcança grande parte de nossa atual população terráquea.
Se
admitirmos que esses fatos realmente aconteceram conforme a Bíblia, então temos
que concluir que os espíritos superiores ou destacaram um espírito tenebroso
para guiar o povo hebreu, ou então Yahveh era realmente um demônio cujo único
interesse era a adoração à sua pessoa seja de que forma fosse, sendo capaz de
matar os dissidentes com a crueldade de um Hitler e a rapidez de um Tamerlão. Principalmente
para um povo que se acreditava eleito do Senhor, como os Israelitas até hoje
acreditam. Se os líderes hebreus praticaram estas mortes usando como desculpa
uma obra divina, eles conseguiram aplainar qualquer resistência contra sua
liderança, mas também denegriram a imagem de Deus, apequenando-o de forma
acachapante.
Se
os morticínios porventura aconteceram se deveram a dois fatos. O primeiro, as
duras condições do deserto do Sinai que deve ter ceifado os menos aptos. O
segundo se deve ao fato de que aquela massa heterogênea de semitas reunida, provavelmente
às pressas, e aglomerada de qualquer maneira, deve ter gerado conflitos étnicos
entre as tribos naquela época miscigenada.
As
condições do deserto são terríveis até mesmo para os muito bem preparados,
imaginemos o que deve ter acontecido aos velhos, aos doentes, às crianças
subnutridas e às mulheres depauperadas.
Outra
dúvida que se pode fazer é: por que
razão os hebreus não foram direto até Canaã. A resposta é dada pela
própria história. Canaã era habitada por diversas tribos guerreiras, compostas
de cananeus semitas, horeus ou hititas indo-europeus e outros povos mitológicos
como os gigantescos enacins, provavelmente homens de dois metros que pareceriam
gigantescos para uma raça de um metro e sessenta, em média.
Deste
modo, estando Canaã ocupada por tribos perigosas, seria necessário que eles
fossem para um lugar desértico e lá se preparassem para enfrentá-las, o que
faria qualquer líder de mínima perspicácia. Por outro lado, a Bíblia nos relata
que Moisés enfrentou diversas rebeliões e dissidências que foram debeladas à
custa de mortes (quase sempre imputadas a Yahveh) e ele deve ter concluído que,
com tal 'escória' - os escravos e os nobres israelitas com sua indolência - ele
jamais seria capaz de conquistar a terra prometida.
Certamente
ele deve ter instruído sua liderança a conquistar a simpatia dos mais jovens,
educando-os à parte dos pais, pois desta forma ele poderia fazer sua
conscientização. Caso contrário, os jovens, sob a influência dos pais,
continuariam sua má vontade para com o êxodo, querendo voltar para o Egito.
Moisés
teria que preparar sua elite guerreira sem a qual jamais conquistaria a terra
prometida. Para tal sua estadia no Sinai deve ter sido forçada por estes fatos.
Conforme a Bíblia ficaram quarenta anos no deserto, mas provavelmente o período
necessário para formar seu exército não deve ter ultrapassado os quinze anos.
Se ele pegasse as crianças com cinco anos, com mais quinze anos, ele teria
gente apta para enfrentar os seus inimigos, pois estariam com vinte anos, idade
boa para a luta.
Para
ficar quarenta anos naquele forno, ele teria que aproveitar a segunda geração
de nascidos no deserto, o que seria excessivamente longo. As revoltas
acontecidas em Kadesh-Barnea, oásis em que os hebreus acamparam, demonstra que
sua estadia naquele lugar sempre foi ameaçada. Por isto mesmo ele teria que ser
rápido, e tanto foi que, em vez de entrar pela terra dos edomitas, ele teve que
contornar Canaã para destruir os maobitas e penetrar pelo lado mais
enfraquecido, que era Jericó, onde ele sabia que enfrentaria menos
resistências.
Por
outro lado, sabemos que o seu
sucessor foi Josué e que saiu do Egito com ele, já sendo seu braço direito após
Aharon, seu pretenso irmão. Depois da morte de Moisés, Josué ainda
durou vários anos, tendo comandado as hostes hebreias em sua conquista de
Canaã. Se estabelecermos que Josué devia ter entre vinte e trinta anos quando
saiu do Egito e se adicionarmos mais quarenta anos de deserto e mais vinte anos
de conquistas em Canaã, ele teria morrido entre oitenta e noventa anos, uma
idade excessivamente provecta para quem passou a vida no deserto,
alimentando-se mal e sob o sol inclemente durante o dia e o frio extremo de
noite. Já se somarmos dez a quinze anos no deserto do Sinai, ele teria morrido
entre cinquenta e sessenta anos, o que é mais natural para uma época em que a
idade média chegava aos quarenta anos.
Voltando
à figura de Moisés, temos que analisar se
de fato ele foi um hebreu criado por uma princesa egípcia, salvo das
águas do Nilo. Ora isto parece ser mais uma lenda para gerar uma figura
divinizável. Um rio cheio de
crocodilos e hipopótamos não seria o lugar ideal para colocar uma criança numa
cesta de vime. Sem dúvida a cesta viraria com a correnteza da água,
matando a criança. Por outro lado, o
nome Moisés - Moschê - não é um nome hebreu, sendo a corruptela de Ahmose, um
nome egípcio que significa Rá nasceu, ou alvorada. Aliás, um nome não
totalmente incomum, portanto dando a entender que o tal sacerdote de Amon-Rá de
nome Ahmose destacado por Merneptah para ensinar higiene aos habirus, e Ahmose,
já com sua corruptela hebreia Moschê, só podem ser a mesma pessoa.
Isto
não impede que qualquer uma dessas figuras possa ter sido criada pela princesa
Thermutis. No entanto, devemos nos perguntar por que uma princesa egípcia iria criar um habiru - um povo malvisto pelos
egípcios - se ele não fosse seu próprio filho? Ainda mais educado na
corte e no alto grau de sacerdócio? Isso só ocorria com os príncipes do Egito,
até mesmo os filhos de nobres não tinham essa oportunidade.
Por
outro lado, nenhum egípcio se apresentaria como sacerdote de Amon-Rá para
ensinar higiene aos habirus, pois correria risco de vida entre aquele povo
também xenófobo. Ele teria que ser introduzido por algum membro proeminente dos
habirus, apresentando-o como um descendente hebreu. Assim Moises teria que
conhecer e ter um motivo ou um objetivo de comum acordo. Quem assim o
apresentou seria Aharon (também conhecido como Arão), que, para todos os
efeitos históricos, apresentou Moisés como seu irmão. Aharon concordava em
tirar o povo do Egito, sendo Arão o porta-voz de Moisés não porque o líder hebreu era gago, ou falava mal, mas porque desconhecia, inicialmente, a
língua habiru.
Tanto
é verdade que, depois de aprendê-la, já no Sinai é capaz de discursar
inflamadamente contra os revoltosos, os insidiosos e os idólatras. Por outro
lado, Aharon não iria apresentá-lo como egípcio, tendo que inventar uma
história que demonstrasse sua origem hebreia. Sua irmã Miriam teria que estar
mancomunada, sem o que sua lenda poderia ser contestada pela irmã ou por outro
familiar.
Se
Moisés tinha mesmo sangue hebreu é um mistério que jamais saberemos, no
entanto, creio que ele devia ter sangue semita, sem o que ele teria traços
excessivamente egípcios para se passar por habiru. Se Thermútis tivesse tido um
filho legítimo, com um parente ou nobre destacado para tal fato por Ramsés, seu
presumível pai, Ahmose teria o tipo físico egípcio, de difícil aceitação entre
os semitas habirus. Deste modo, ela deve ter tido um filho ilegítimo com algum
nobre semita que visitou ou habitou a corte de Ramsés II por algum tempo.
Poderia
até mesmo ser filho ilegítimo de algum nobre de Israel radicado no Egito com a
princesa, hipótese que não deve ser descartada.
Uma
coisa é certa: se Moises fosse mesmo um habiru recolhido das águas (!) portanto de fato ilegítimo, sua vida na
corte deve ter sido péssima, pois ninguém aceitava bastardos, mesmo de origem
real.
Se
ele matou algum guarda (como conta a história), não seria motivo para fugir da
corte, pois os egípcios eram liberais quanto a estas 'pequenas faltas' dos
nobres, principalmente sendo filho da princesa. Já se ele tivesse matado um
nobre, sua vida de nada valeria, sendo preso e morto.
Moisés,
sem dúvida era um grande médium. O que corrobora a história onde era
considerado um grande mago, um poderoso feiticeiro, um medianeiro entre Yahveh
e os hebreus. Ele poderia ter aprendido estas artes mágicas nos templos de
Amon-Rá, já que era considerado um sacerdote deste templo, ou poderia ter
aprendido estas práticas nos principais templos da região, lembrando que a raça
egípcia era proveniente dos capelinos degredados e tinham em alto conhecimento,
astronomia, engenharia, o que atesta suas obras e seus conhecimentos
religiosos, ocultos ao povo.
Para
fazer o que Moises fez ele tinha uma experiência fenomenal, uma mente mais
aberta do que dos xenófobos egípcios. Se ele não tivesse, jamais teria levado
sua missão a cabo, devido à sua antipatia e preconceito contra os habirus. Ele
teria que ter uma visão mais ampla, tanto da espiritualidade, como também dos costumes
diferentes de vários povos, sem o que sua missão se tornaria difícil, quiçá
impossível.
Qual
a real importância de Moisés na história universal? Basicamente ele foi o maior
precursor na transformação de um culto henoteísta em monoteísta. Já existiam
alguns cultos monoteístas, mas que não conseguiram se difundir adequadamente.
Alguns
hurritas acreditavam num deus único chamado Sutekh, mas eles não conseguiram e
nem quiseram difundi-lo, pois até entre eles, existiam alguns que eram
politeístas. Já os judeus, sucessores históricos dos hebreus, eram ferrenhos
defensores de Yahveh, sendo de um fanatismo exacerbado. Esta religiosidade
acabaria desembocando na figura de Jesus e na introdução de um deus menos
terrível, mais amoroso e justo, que viria a gerar o deus do cristianismo. No
entanto, Moisés foi obrigado a apresentar assim mesmo uma divindade ainda
feroz, pois seus seguidores só entendiam o medo.
Sua
grande atuação, no entanto, foi legislativa, pois transformou um povo nômade,
numa nação que caminhava para o estado de direito. Suas leis, tanto religiosas,
como sociais, viriam a se consolidar nos livros bíblicos de Deuteronômio,
Números e Levítico, somente transcritos por Ezra, por volta do ano 444/400
a.C., transformando leis consuetudinárias (verdadeiros compêndios de
sabedoria popular, não passando por um processo formal de criação
de leis) em leis escritas, solidificando, através do Torah escrito, o
que já era conhecido oralmente. A
história judaica já mencionava a Torah oral antes de Ezra
Se
foi Moisés que escreveu os cinco livros, conhecidos como Pentateuco, seria mais
uma evidência de que ele andou pela Mesopotâmia, ou pelo menos conheceu as
lendas sumérias, pois a criação do universo, a perda do paraíso, o dilúvio
universal são lendas de que ele teria tido conhecimento em Ur e na Babilônia, vinda dos capelinos que ali civilizaram o povo.
Também
Ezra (Esdras), conhecia e aceitava as lendas sumérias e babilônicas, já que ele
nasceu na Babilônia e foi um dos responsáveis, junto com Nehemias, pelo retorno
do povo judeu à Palestina.
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